UMA PROMESSA DE SALVAÇÃO
Texto Base: Gênesis 3.9-15
"E porei inimizade entre ti
e a mulher e entre atua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar" (Gn.3-15).
INTRODUÇÃO
O homem pecou de modo deliberado contra Deus, mas o Criador não o
deixou entregue à sua própria sorte, já no Éden o Senhor providenciou a sua
redenção mediante o sacrifício de Jesus Cristo. A promessa da Salvação é a que
abre a porta para todas as demais promessas direcionadas à Igreja e
individualmente a todas os crentes. Esta promessa estava no coração de Deus
antes mesmo da fundação do mundo (Ap.13:8). Deus na sua onisciência sabia que o
homem ia pecar, por isso arquitetou o plano mais precioso de todos os demais
planos, e isto Ele deixou claro logo após a consumação do pecado pelo homem
(Gn.3:15). Satanás sabia que o homem era a obra prima de Deus (Gn.1:27) e que
iria substituí-lo no Éden (Ez.28:13), assim sendo intentou destituí-lo, mas o
Senhor fê-lo saber a maior promessa: a Promessa da Salvação.
I. O CONCEITO BÍBLICO DE SALVAÇÃO
1. O conceito. A
palavra “Salvação” significa, em primeiro lugar, ser tirado de um perigo,
livrar-se, escapar. A Bíblia fala da Salvação como libertação do perigo de uma
vida sem Deus (At.26:18; Cl.1:13). A tradução da palavra grega “Soterion” tem o
sentido de “tornar ao estado perfeito”, ou “restaurar o que a queda causou”.
Segundo o Pr. Antônio Gilberto, Salvação é uma milagrosa transformação
espiritual, operada na alma e na vida – no caráter – de toda pessoa que, pela
fé recebe Jesus Cristo como seu único Salvador pessoal (Ef.2:8,9; 2Co.5:17;
João 1:12;3:5).
“Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que
ninguém se glorie”.
“Assim que, se alguém está em Cristo,
nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.
“Mas a todos quantos o receberam
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome”.
“Jesus respondeu: Na verdade, na
verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar
no Reino de Deus”.
Observe as afirmações bíblicas: “é nova
criatura” (conversão) e; “tudo se fez novo” (nova vida, novo e íntegro
caráter).
A Salvação não se trata apenas de
livramento da condenação do Inferno; a Salvação abarca todos os atos e
processos redentores, bem como transformadores da parte de Deus para com o ser
humano e o mundo (isto é, a criação), através de Jesus Cristo, nesta vida e na
outra (Rm.13:11; Hb.7:25; 2Co.3:18).
“E isto digo, conhecendo o tempo, que é
já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais
perto de nós do que quando aceitamos a fé”.
“Portanto, pode também salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder
por eles”.
“Mas todos nós, com cara descoberta,
refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória
em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”.
Pessoalmente - isto é, em relação à
pessoa -, a Salvação que Cristo realiza abrange:
- A Regeneração da pessoa, aqui e
agora (Tt.3:5; 2Co.3:18).
· “Não pelas
obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos
salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo”.
· “Mas todos
nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor,
somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do
Senhor”.
- A Redenção do corpo do crente, no futuro
(Rm.8:23; 1Co.15:44).
· “E não só
ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós
mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”.
· “Semeia-se
corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também
corpo espiritual”.
- A glorificação integral do
crente, também no futuro (Cl.3:4; Ef.5:27).
· “Quando
Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis
com ele em glória”.
· “Para a
apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível”.
2. A Promessa da Salvação no
Antigo Testamento. Os 39 livros do Antigo Testamento
descrevem muito mais do que a origem do universo, do homem, e da nação de
Israel. Eles descrevem também as promessas divinas de redenção da humanidade.
Vejamos alguns exemplos:
a) A promessa no Éden. Podemos
dizer que, biblicamente, a primeira promessa messiânica deu-se no Éden, quando
os nossos pais pecaram. Disse o Senhor: ”E porei inimizade entre ti e a
mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar” (Gn.3:15).
b) A promessa tipificada na morte de um
animal inocente. Um animal inocente foi morto, para
cobrir a nudez de Adão e de sua mulher: ”E fez o SENHOR Deus a Adão e à
sua mulher túnicas de peles, e os vestiu” (Gn.3:21). A morte deste animal, já
tipificava a morte do Senhor Jesus. Os animais que eram obrigatoriamente
sacrificados para expiar os pecados, apontavam para o sacrifício substitutivo
de Jesus Cristo na cruz do Calvário (Hb.10:11,12).
“Na qual vontade temos sido
santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. E assim todo
sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos
sacrifícios, que nunca podem tirar pecados”.
Era o oferecimento de um inocente no
lugar de um culpado; uma morte não merecida, mas aceita diante de Deus para
remir os pecados do povo de Deus (Hb.9:22) – “E quase todas as coisas, segundo
a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão”.
c) A promessa na chamada de
Abraão. Deus prometeu a Abraão que, através de sua descendência, seriam benditas
todas as famílias da terra: “E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei
os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”
(Gn.12:3).
d) A Promessa por intermédio dos
profetas. Diversos profetas do Antigo Testamento
falaram acerca da salvação, principalmente Isaías, o profeta messiânico
(Is.25:9; 45:17; 33.2; 49:8; 56:1; 62:11; Mq.7:7). O ápice da salvação no
Antigo Testamento se deu com a profecia de Isaías sobre a vida e a morte do "Servo
Sofredor" (Is.cap.53).
3. Salvação no Novo Testamento. No Novo
Testamento, a Salvação não é apenas prometida, mas também explicada:
a) Nos Evangelhos. Os quatro
primeiros livros do Novo Testamento descrevem o nascimento, vida, ministério,
morte e ressurreição do Senhor Jesus. Neles encontramos as promessas divinas da
salvação para a humanidade (Mt.1:21; Lc.1:69; 2:30; 3:6; 19:9; João 4:22).
b) No livro de Atos. O livro dos
Atos dos Apóstolos descreve a fundação da Igreja e a expansão do cristianismo
no primeiro século; nele, a promessa da salvação também está presente (At.4:12;
At.13:47; 28:28).
c) Nas Epístolas. Nas
Epístolas as Doutrinas Bíblicas são fundamentadas e explicadas, principalmente,
a Doutrina da Salvação (Rm.1:16; 2Co.6:2; Ef.1:13; Fp.2:12; Jd.1:3).
d) No Livro de Apocalipse. O livro de
Apocalipse descreve a consumação de todas as coisas, dentre elas, a Salvação
(Ap.5:9; 7:10; 12:10; 19:1).
Ainda que o pecador não mereça, por
intermédio do Filho de Deus, o Pai o justifica, o perdoa, o reconcilia consigo
(Rm.5:11), o adota em sua família (Gl.4:5) e faz dele uma nova criatura
(2Co.5:17). Assim, o Espírito Santo capacita o crente a viver em santidade,
mortificando a força do pecado, assemelhando-o com Cristo, a fim de que o
nascido de novo espere, com confiança, pela salvação plena e gloriosa
(Fp.3:21).
4. A Salvação - a Rainha de todas as
bênçãos. A Salvação é oferecida ao homem como uma bênção, e, de forma gratuita.
Porém, para Deus ela teve um preço, um altíssimo preço. Ela custou a vida de
seu Filho Unigênito. Assim, para que a Salvação, a Rainha de todas as bênçãos,
se tornasse possível “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna” (João
3:16). Foi, pois, em Jesus, que Deus preparou a bênção da Salvação para “todo
aquele que crê”. Deus quer que todo pecador receba esta bênção - “Porque a
graça de Deus se há manifestado, trazendo Salvação a todos os homens” (Tito
2:11).
Afirmamos que a Salvação é a Rainha de
todas as bênçãos porque ela é a maior de todas as bênçãos que Deus preparou
para o pecador. Ela é a que teve o custo mais alto para Deus. Por isto o Senhor
Jesus afirmou: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a
sua alma?” (Mt.16:26).
Se você, meu irmão, já tomou posse
desta tão grande Salvação, dê glória a Deus, e zele por ela, pois ela custou a
vida do Filho de Deus.
II. A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA DA SALVAÇÃO
1. A grandeza da Salvação. Exorta
o escritor aos Hebreus: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão
grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos,
depois, confirmada pelos que a ouviram” (Hb.2:3). Na redenção da humanidade, o
Pai planejou a salvação, no céu (João 3:16; Gl.4:4,5); o Filho consumou-a, na
Terra (João 17:4,5; 19:30); e o Espírito Santo realiza e aplica essa tão grande
salvação à pessoa humana (João 16:8-11; Tt.3:5).
Por que a Salvação é grande? João 3:16
explica claramente o porquê de ela ser tão grande: “Porque Deus amou o mundo de
tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna”. Explicando melhor:
a) A Salvação é grande por causa
da sua Procedência - “Por que Deus amou...”.
A Salvação procede do coração de Deus, do seu íntimo. O Criador do universo, o
Senhor dos céus e da terra, o Deus eterno, colocou o seu coração em nós e nos
amou desde a fundação do mundo. Deus nos amou não por causa dos nossos méritos,
mas Deus nos amou apesar dos nossos deméritos.
b) Por causa do seu Alcance. A
Salvação, também, é tão grande por causa de seu alcance –“por que Deus amou
o mundo…”. Deus ama a todos indistintamente. Deus não faz acepção de
pessoas. Deus ama o pobre, o rico, o analfabeto, o doutor, o homem do campo e
da cidade, o religioso e o não religioso. O amor de Deus não tem a sua causa em
nós, tem a sua causa em seu próprio coração amoroso.
c) Por causa de sua Intensidade. Também,
essa Salvação é tão grande por causa de sua intensidade – “porque Deus amou
o mundo de tal…”. Deus não amou o mundo de uma maneira pequena, limitada.
Deus amou o mundo ao ponto de se dar por nós, de se sacrificar por nós. Observe
o que a Bíblia diz:
“mas Deus prova o seu amor para conosco, em
que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.5:8); “nisto está o
amor, não em que nós tenhamos amadoa Deus,
mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para
propiciação pelos nossos pecados”(1João 4:10). O apóstolo Paulo diz que Deus
não poupou o seu próprio Filho, antes por todos nós o entregou (Rm.8:32). Essa
é a grandeza, esta é a intensidade do amor de Deus por você e por mim.
d) Por causa do seu Sacrifício. A
Salvação, outrossim, é grande por causa do sacrifício de Cristo. O texto
sagrado prossegue dizendo: “por que Deus amou o mundo de tal maneira, que
deu o seu Filho unigênito…”. Deus não amou você a ponto de dar ouro e
prata. Deus não amou você a ponto de dar as riquezas das entranhas da terra.
Deus não amou a você a ponto de dar um anjo. Deus amou a você de tal maneira
que deu o seu Filho, o seu Filho unigênito. E deu para vir ao mundo e se
esvaziar de sua glória. E deu para entrar neste mundo e vestir pele humano, e
aqui ser humilhado, ser esbofeteado, ser pregado na cruz. Deus jamais
retrocedeu neste amor imenso, eterno, imutável, sacrifical, incondicional a
nós, nesta dádiva do seu próprio Filho.
e) Por causa da sua Oportunidade. A
Salvação, também, é mui grande por causa da sua oportunidade. O texto sagrado
prossegue e diz: “porque Deus amou......para que todo aquele que nele crer...”.
Deus providenciou a Salvação, e oferece esta Salvação: não aqueles que são
religiosos; não aqueles que são sinceros; não aqueles que praticam boas obras;
não aqueles que fazem penitências e sacrifícios. Diz o texto sagrado que “Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho para todo aquele que nele
crer”. A condição única para nós sermos salvos, para nós obtermos a vida eterna,
para nós irmos para o Céu, para que o nosso nome seja escrito no livro da vida
é que creiamos em Jesus Cristo. Não há outro caminho; não há outra alternativa;
não há outra porta; não há outra possibilidade para nós sermos salvo.
f) Por causa do seu Livramento. A
Salvação, outrossim, é mui grande por causa do seu livramento. Diz o texto
sagrado: “porque deus amou o mundo de tal maneira........não pereça.Jesus
estar nos alertando acerca de um perigo enorme: perecer eternamente. O que é
perecer neste texto? Não é apenas morrer fisicamente; não é apenas, como muitos
imaginam, serem extintos, não. Jesus fala de uma condenação eterna, de trevas
exteriores, de banimento para sempre da presença de Deus. Jesus fala de uma
condenação eterna. Jesus fala de um fogo que não se paga, de um bicho que não
para de roer. Jesus fala de choro e ranger de dentes. Jesus fala de inferno, de
condenação para sempre. Aquele que não crer vai perecer. Cristo não morreu na
cruz para que os incrédulos sejam salvos, para aqueles que se rebelam contra a
graça de Deus sejam salvos, mas Cristo morreu na cruz para que todo aquele que
nele crer não pereça.
g) Por causa da Oferta que Deus
oferece: “a vida eterna”. O texto sagrado termina dizendo:
“porque Deus amou o mundo...tenha a vida eterna”. O que é a vida eterna?
Não é apenas uma vida que nunca vai acabar, porque aqueles que vão para o
inferno também nunca vão cessar de existir, com tormento. Vida eterna é muito
mais que uma vida que nunca vai acabar. Vida eterna é uma qualidade superlativa
excelente de vida, de santidade, de contentamento, de alegria, de pureza, que
nunca vai terminar. É quando Deus vai enxugar de nossos olhos toda lágrima; é
quando não haverá mais dor; é quando não haverá mais luta; é quando não haverá
mais tristeza; é quando não haverá mais despedida; é quando não haverá mais
velhice; é quando não haverá mais tropeço; é quando não haverá mais cortejo
fúnebre; é quando não haverá mais cansaço; é quando estaremos com Deus e para
Deus eternamente. Sem dúvida, a Salvação em Cristo é de uma grandeza sem par!
Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande Salvação?
Disse o Pr. Antônio Gilberto, e
concordo com ele: “Se todos os crentes tivessem uma plena visão da Salvação, se
todos pudessem ver plenamente ao longe a tão grande salvação que receberam, com
certeza teriam atitudes diferentes no seu dia-a-dia. Teríamos tanto regozijo,
tanta motivação, tanto entusiasmo, tanta convicção, tanto anseio e enlevo pelo
Céu, que não haveria na Terra um só salvo descontente, descuidado, negligente e
embaraçado com as coisas desta vida e deste mundo. Ademais, teríamos uma tão
profunda compreensão do que é o Céu – e, por isso, teríamos tanto desejo de ir
para lá -, que o Diabo não teria na igreja um só fã, um só admirador de suas
coisas, um só aliado” (Pr. Antônio Gilberto. Soteriologia – a Doutrina da
Salvação. CPAD).
2. Para compreender o que Jesus
fez. A Doutrina da Salvação é importante para compreendermos o grande
feito de Jesus por toda a humanidade: sua morte vicária na Cruz por toda a
humanidade. Jesus nasceu para morrer. Ele nasceu para ser o nosso substituto,
nosso representante, nosso fiador. Na verdade, a cruz sempre esteve incrustada
na mente de Deus, em Seu coração amoroso. Jesus Cristo jamais recuou diante
dessa cruz. Ele caminhou resoluto para ela como um rei caminha para sua
coroação. Portanto, a cruz de Cristo além de ser um fato já planejado na
eternidade, expressa para você e para mim o gesto do maior amor de Deus por
nós.
Se você ainda tem dúvida do amor de
Deus, entenda que não há possibilidade de nós expressarmos de forma mais
eloquente e mais profunda o amor de Deus por nós do que a manifestação da cruz.
Ali aconteceu o maior de todos os sacrifícios. O Filho de Deus deixou o Céu,
deixou a companhia dos anjos, deixou a glória do Pai, e veio e se humilhou, se
fez servo; foi perseguido, foi preso, foi insultado, foi cuspido, foi zombado,
foi escarnecido, foi pregado na cruz. Com a morte de Jesus, ativou-se o contato
da criatura com o Criador que fora quebrado no Éden e se tornou visível a ação
de Deus na vida dos homens, de maneira que o céu, que parecia ser inatingível,
tornou-se acessível aos homens por meio de Cristo Jesus. A morte de Jesus na
cruz, que seria uma vitória do diabo, na verdade representou a própria derrota
de Satanás.
Qualquer pecador pode ser salvo aqui e
agora. Basta apenas arrepender-se de seus pecados e crer na suficiência da
graça manifestada em Cristo Jesus (Rm.10:8-10). Infelizmente, há em alguns segmentos
ditos evangélicos uma mentalidade herética de que é preciso o pecador cumprir
algum tipo de ritual para alcançar os benefícios da graça de Deus. Alguns
desses rituais são: listar todos os pecados conhecidos, confessá-los nome por
nome a algum preposto sacerdote, “queimar” esses pecados em fogueiras, quebrar
as chamadas maldições hereditárias e passar por um processo de purificação
emocional, como se esse, sim, fosse o grande segredo guardado a sete chaves
para a obtenção da salvação. Ora, a obra completa da salvação já foi consumada
na cruz, é perfeita e não precisa de nenhum adendo (1Pd.2:24; Cl.1:20;
Is.53:4,5,12).
3. Para se apropriar dos
benefícios da Salvação. A Doutrina da Salvação também é
importante para aprendermos e experimentarmos as bênçãos da Salvação. Por si
só, a Salvação já é uma grande bênção, mas como promessa-mãe ela é força
geratriz de muitas outras bênçãos. O apóstolo Paulo descreve com muita
inspiração as muitas bênçãos da Salvação, na carta aos Efésios 1:3-14. Muitos
são os benefícios da Salvação, tais como a libertação da culpa e do poder do
pecado. Todavia, outros benefícios se apresentam diante de nós que aceitamos a
Jesus Cristo como único e suficiente Salvador:
- A bênção da Regeneração. Regeneração
ou o Novo Nascimento significa o ato sobrenatural em que o homem é gerado por
Deus para ser filho (João 1:12) e participante da natureza divina (2Pd.1:4).
A - Significa vida renovada (1João
3:13,14): “Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos odeia. Nós sabemos
que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu
irmão permanece na morte”.
B - Significa mente renovada
(Rm.12:2): “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus”.
C - Significa propósitos renovados
(2Co.5:17): “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas
velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.
D - Significa a vontade de Deus em nossa
vida (João 1:12,13): “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram
do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.
E - Significa despir-se do velho
homem (1Co.6:20): “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a
Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus”.
O Novo Nascimento é essencial para que
o homem entre no Reino de Deus, e não ocorre por ocasião do batismo em águas
nem pela vontade humana, e sim pela vontade de Deus. O homem regenerado recebe
de Deus coração e espírito novos (Ez.36:26), podendo assim ter comunhão com
Deus e a garantia de viver com Ele na eternidade.
- A bênção de sermos “filhos de
Adoção por Jesus Cristo”(Ef.1:5). A salvação torna-nos filhos de
Deus (João 1:12). Como deixamos de ter pecados, como passamos a ser
considerados justos, como passamos a ter comunhão com Deus, recebemos o poder
de sermos filhos de Deus, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo (Rm.8:17).
Enquanto estávamos nos nossos pecados, Deus não podia nos levar a essa posição
tão próxima dele e marcada por tanto carinho. Por isso, o Senhor Jesus veio à
Terra e, por sua morte, sepultamento e ressurreição, resolveu o problema dos
nossos pecados, satisfazendo as exigências de Deus. O valor infinito do seu
sacrifício no calvário providenciou a base justa sobre a qual Deus pode nos
adotar como filhos. A nova vida que recebemos pelo perdão dos pecados faz com
que tenhamos comunhão com Deus e o Espírito de Deus testifica com o nosso
espírito, que volta a ter relacionamento com Deus, que somos filhos de Deus
(Rm.8:16). Adotado por Deus, o crente é considerado como filho do Pai Celeste
(1João 3:2), como irmão de Jesus (Hb.2.11), como herdeiro dos céus (Rm.8.17).
De igual modo, é libertado do medo (Rm.8.15) e desfruta de segurança e certeza
de vida eterna (Gl.4.5,6).
- A bênção da Redenção (Ef.1:7). Jesus pagou
o preço da nossa Salvação e, por isso, nos comprou a liberdade. Este ato é
conhecido por “redenção”, ou seja, “o ato de remir ou redimir”; o “resgate”, ou
seja, “o ato de livrar (algo) de ônus por meio do pagamento”, o “ato de comprar
para libertar”. Por isso, o apóstolo Pedro nos lembra que não fomos comprados
com ouro, mas com o precioso sangue de Jesus (1Pd.1:18,19). O preço da Redenção
é o seu sangue; nada mais serviria. Como fomos comprados por Cristo,
libertamo-nos do jugo do pecado e, por isso, não mais estamos sob condenação,
alcançamos a Justificação.
- A bênção de sermos
propriedades exclusivas de Deus (Ef.1:13). Dantes
estávamos mortos em nossos delitos e pecados, destituídos da glória de Deus.
Agora, somos propriedade sua – “... fostes selados com o Espírito Santo”. Como
“selo”, o Espírito Santo é dado ao crente como a marca ou evidência de
propriedade de Deus. Ao outorgar-nos o Espírito, Deus nos marca como seus(2Co
1:22). Assim, temos a evidencia de que somos filhos adotados por Deus, e que a
nossa Redenção é real, pois o Espírito Santo está presente em nossa
vida(Gl.4:6).
- A bênção da garantia da nossa
Herança: o Espírito Santo - “o penhor da nossa herança”(Ef.1:14). No
dia em que fomos salvos, o Espírito Santo começou a revelar-nos algumas das
riquezas que serão nossas em Cristo. Ajuda-nos a entender a glória vindoura.
Porém, como poderemos ter a certeza de que um dia receberemos a herança toda? O
Espírito Santo é a garantia divina de que pertencemos a Deus e que Ele cumprirá
o que prometeu. Ele é como um pagamento inicial, um depósito ou penhor, uma
assinatura que valida um contrato. Sua presença em nós demonstra a veracidade
de nossa fé, prova que somos filhos de Deus e nos garante a vida Eterna.
Glórias sejam dadas a Deus por todas as bênçãos que Ele nos deu através da
morte vicária de nosso Senhor Cristo Jesus!