A NECESSIDADE DE
TERMOS UMA VIDA SANTA
Texto Base:
1Pd.1:13-22
"Mas,
como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa
maneira de viver" (1Pd.1:15).
INTRODUÇÃO
Dando
continuidade ao estudo da Declaração de Fé das Assembleias de Deus, estudaremos
nesta Aula a respeito da “necessidade de termos uma vida santa”. O povo de Deus foi separado como Sua propriedade exclusiva (Cl.3:12b). Nós, ou seja, a Igreja, fomos eleitos para
a santidade. E ser santo é ser separado do mundo para Deus. Agora, tirados do
mundo, mesmo estando geograficamente no mundo, somos propriedades exclusivas de
Deus (1Pd.2:9). Fomos comprados por um alto preço e agora não somos mais de nós mesmos
(1Co.6:19,20). Somos feitos santos aos olhos de Deus por causa do sacrifício de
Cristo na cruz, ainda que a santidade seja um alvo progressivo da salvação.
I. DEFININDO OS TERMOS
1. A
santidade de Deus. Deus é Santo, por natureza –
“...porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo...” (Lv.19:2). Esta é uma das
mais solenes declarações encontradas na Bíblia. Deus, e somente Deus, é Santo
na sua essência, conforme disse o profeta Amós, em duas ocasiões: "Jurou o
Senhor Jeová, pela sua santidade" (Am.4:2); "Jurou o Senhor Jeová pela
sua alma" (Am.6:8). A santidade é característica fundamental de Deus
(Is.6:3; Ap.4:8). Nenhuma de todas as suas criaturas, mesmo Lúcifer que, ao que
parece, era a mais perfeita delas, não era santo na sua essência, e por isto
pecou –
“Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se
achou iniquidade em ti [...] elevou-se o teu coração por causa da tua
formosura...” (Ez.28:15,17). Portanto,
somente o Criador, somente Deus, que por ser santo na sua essência, possui
absoluta pureza moral, não podendo, pois, pecar. Podemos afirmar que Deus não
pode pecar, aborrece o pecado, mas, ama o pecador. O mesmo Deus que disse “sou
santo”, também disse que “eu, o Senhor, não mudo” (Ml.3:6). Com efeito, Sua
Palavra diz que nele “não há mudança, nem sombra de variação” (Tiago 1:17).
Deus é, eternamente, Santo.
2.
Significado. Santificar significa pôr à
parte, separar, consagrar ou dedicar uma coisa ou alguém para uso estritamente
pessoal. O verbo hebraico qadash ("ser santo"), e seus derivados
"santo, santificar, dedicar, consagrar", no Antigo Testamento,
significam "separar". Dizer que qualquer coisa, objeto ou pessoa é
consagrada, separada ou dedicada a Deus significa dizer que isso pertence a Ele
(cf. Êx.13:2) ou serve a Ele com exclusividade (cf. Êx.30:30; Lv.20:26).
Em Lv.20:26, Deus diz a Israel que o havia separado
dos outros povos para que eles fossem Seus – “E ser-me-eis santos, porque
eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus”. Vemos
aqui as duas dimensões da santificação: primeiro, a separação dos outros povos,
ou seja, a separação do pecado; segundo, a separação para que Israel fosse
propriedade peculiar de Deus entre as nações (cf. Ex.19:5,6), isto é, uma
separação para Deus.
Da mesma forma é o povo de Deus da Nova Aliança. A
sua santificação tem dois lados: sua separação para a posse e uso de Deus e; a
separação do pecado, do erro, de todo e qualquer mal conhecido, para obedecer e
agradar a Deus. Esta separação para Deus envolve, portanto, num primeiro instante,
a consciência por parte do salvo de que ele agora não mais vive, mas é Cristo
quem vive nele (Gl.2:20). O crente salvo, santo, vive separado do pecado e das
práticas mundanas pecaminosas, para o domínio e uso exclusivo de Deus. É
exatamente o contrário do crente que se mistura com as coisas tenebrosas do
pecado.
Ao mesmo
tempo em que a santificação é uma separação do pecado, é, também, uma separação
para Deus. O salvo não apenas é mantido separado do pecado, não apenas é
liberto do pecado, mas também é posto numa posição de serviço, de destaque
e de designação por parte do Senhor, para que produza obras que levem à
glorificação do Seu nome.
Jesus,
gerado por obra e graça do Espírito Santo (Lc.1:35), manteve-Se sem pecado
durante toda a Sua existência terrena, mas, além de viver separado do pecado,
também foi separado para Deus, a fim de fazer o bem e curar a todos os
oprimidos do diabo (At.10:38), para consumar a obra da salvação, glorificando o
nome do Pai (João 17:4). Nós, como membros do Corpo de Cristo (1Co.12:27),
devemos, igualmente, repetir o que fez o nosso Mestre, seguindo as Suas pisadas
(1Pd.2:21).
Quando
somos salvos, devemos estar conscientes de que a salvação traz a nós um
propósito divino para nossas vidas. Não mais andamos segundo a nossa vontade,
mas, sim, segundo a vontade dAquele que nos salvou. Todo o nosso querer passa a
estar submetido à vontade divina; passamos a ser guiados pelo Espírito de Deus
(Rm.8:14); passamos a ter uma vida dirigida por Deus. É, aliás, neste sentido que
Jesus diz que o nascido da água e do Espírito é como o vento que sopra, que não
sabe de onde veio nem para onde vai (João 3:8). Não dependemos mais dos nossos
planos nem de nossas ideias, mas estamos, sempre, à disposição do Senhor e da
Sua vontade. Somos propriedade peculiar de Deus, passamos a pertencer-lhe e
isto nos faz com que ajamos e estejamos onde, como e quando Ele assim desejar
no cumprimento da Sua vontade.
Um dos
objetivos da santificação, nesta separação para Deus, é a de nos tornar
insuscetíveis a qualquer censura ou repreensão, ou seja, de nos tornar exemplos
e referências para todos as pessoas com quem convivemos. Quando somos separados
para Deus, somos separados para sermos exemplos às outras pessoas, para sermos
testemunhas da transformação que Cristo opera no ser humano e, assim, sermos
instrumentos para que os homens glorifiquem a Deus, reconheçam Sua soberania e
Seu poder. Assim como os tropeços dos salvos contribuem extremamente para o
descrédito em Deus e na Sua Palavra (e os tropeços são chamados de
“escândalos”, que é a palavra grega para tropeço), assim também a conduta
irrepreensível de um salvo é uma grande pregação e demonstração do poder de
Deus aos homens.
A separação
para Deus, também, tem o objetivo de nos conservar irrepreensíveis para a vinda
de Jesus – “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso
espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts.5:23).
II. A NECESSIDADE DE TERMOS UMA VIDA
SANTA
A Santidade
é a marca característica de um crente, tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento. Aquele que esta no lugar santo para adorar a Deus deve ter as mãos
limpas e um coração puro, e não deve ter jurado enganosamente (Sl.24:3,4). Para
habitar no “monte santo de Deus” - em Sua presença - o crente deve caminhar com
integridade (praticar a justiça) e não fazer mal ao seu próximo (Sl.15). Deus
“nos elegeu nele [em Cristo] antes da fundação do mundo, para que fôssemos
santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef.1:4).
1. Israel. O estilo de vida dos israelitas devia estar de acordo com a
santidade do seu Deus: “Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou
santo” (Lv.19:2). Essa santidade exigida era mais do que natural, porque Deus é
santo (Lv.11:44), e os israelitas foram “separados”, ou seja, “retirados”
dentre os povos para Deus.
A mensagem
bíblica é a de que Deus quer que haja uma nítida linha divisória entre o mundo
dos santos e o mundo dos ímpios. Foi por causa da mistura entre as linhagens de
Sete e de Caim que Deus destruiu o mundo com o dilúvio. Assim foi com Israel -
“E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo...” (Êx.19:6). Ao deixar todas
as demais nações, de lado, Deus se propôs formar um povo especial com o qual
passaria a se relacionar. Porém, sendo santo, Deus somente se relaciona com
santos. Daí, uma das coisas que Deus queria de Israel era que fosse um “povo
santo”.
Deus havia
dito a Israel – “E vós me sereis...o povo santo”. Porém, em lugar de se tornar
“o povo santo”, Israel se tornou um povo apóstata e idólatra; contaminou-se
tanto que foi acusado por Deus de prostituição e de adultério espiritual – “E
disse mais o Senhor nos dias do rei Josias: viste o que fez a rebelde Israel?
Ela foi-se a todo o monte alto, e debaixo de toda árvore verde, e ali andou
prostituindo-se [...] E sucedeu que pela fama da sua prostituição contaminou a
terra, porque adulterou com a pedra e com o pau” (Jr.3:6-9). Esta era a triste
condição do povo que Deus queria que fosse “o povo santo”.
2. A
Igreja. Por falta de Santidade, Deus deixou de relacionar-se com as
nações; por falta de Santidade, Deus deixou de relacionar-se com Israel. O
mesmo não pode acontecer comigo e com você, isto é, com a Igreja. A Igreja,
como Reino de Deus, aqui na Terra, deverá ser sempre santa. A Igreja, na
condição de “Noiva do Cordeiro”, não pode e não será rejeitada, porque ela é a
“...a igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível” (Ef.5:27). Porém, a igreja, enquanto denominação local,
cometendo o erro das gerações antediluvianas, acabando por deixar apagar a
marca divisória que separava os filhos de Deus dos filhos dos homens,
promovendo a mistura, também podemos ser rejeitados se viermos a cometer o erro
da geração antediluviana e o erro do povo de Israel. Exatamente para que isto
não aconteça, a Palavra de Deus nos adverte, dizendo: “Mas, como é santo aquele
que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver,
porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:15,16).
A nossa santificação é a vontade
direta e perfeita de Deus para nós, conforme nos exorta o apóstolo
Paulo: “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos
abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em
santificação e honra, não na paixão de concupiscência, como os gentios, que não
conhecem a Deus” (1Ts 4:3-5). Portanto:
a) Devemos
ser santos porque somos filhos de Deus - “Amados, agora somos filhos de
Deus...”(1João 3:2). Quando um filho ama seu pai ele se orgulha quando alguém
diz que ele se parece com o pai. O mesmo sentimento compartilha o pai quando
alguém diz que seu filho é a “sua cara”. Contudo, não havendo amor essa mesma
declaração aborrece tanto o filho como o pai.
b) Devemos
ser santos porque queremos fazer a vontade do Pai - “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação...”(1Ts.4:3).
Todo bom filho sente prazer e se esforça para fazer a vontade de seu pai. Todo
pai fica feliz quando seu filho procura ser-lhe agradável. A Bíblia diz que
Deus quer que seus filhos sejam santos.
c) Devemos
ser santos porque queremos ser morada de Deus e Templo para o seu
Espírito – “Jesus respondeu, e disse-lhe: se
alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu pai o amará, e viremos para ele,
e faremos nele morada”(João 14:23); “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo
do Espírito Santo, que habita em vós...”(1Co.6:9). Pela Bíblia sabemos que o
corpo é o santuário, ou o Templo de Deus e a morada do Espírito – “Não sabeis
vós que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós”
(1Co.3:16); “...porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse:
neles habitarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (2Co.6:16).
A expressão habitar não é a mesma coisa
que visitar. O visitante não permanece muito tempo e só entra nos aposentos com
a permissão do dono da casa; o que habita tem acesso livre. O visitante vem, e
vai, o que habita permanece no lugar. Assim, se Deus, na Pessoa do Espírito
Santo, apenas nos visitasse de vez em quando, poderíamos nos descuidar quanto a
Santificação do corpo. Porém, a Palavra de Deus diz que Ele habita em nós. A
mesma Palavra diz que Ele é Santo na sua essência, ou seja, é absolutamente
santo - “...porque eu o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv.19:2). Sendo Santo
ele só pode habitar num corpo que também seja santo. Por isto ser santo é uma
exigência do próprio Deus, conforme diz: “...Santo sereis”. Nós com todas
nossas impurezas não sentimos bem habitando, ou convivendo num lugar sujo,
imundo, quanto mais Deus. Daí, se eu quero que Ele habite em mim, então,
preciso não apenas estar limpo, preciso estar purificado. Seu corpo está sempre
em condições de ser morada do Espírito Santo?
d) Devemos
ser santos porque queremos ser um vaso nas mãos de Deus. Santificação significa ser separado para uso de Deus. Daí, qualquer que
desejar ser um vaso nas mãos de Deus, tem que ser um vaso separado para seu
uso. Isto significa ser santo. Esta é a condição exigida pela Palavra de Deus,
conforme escreveu Paulo: “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e
de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para
desonra. De sorte que, se alguém se purifica destas coisas, será vaso para
honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa
obra”(2Tm.2:20,21).
e) Devemos
ser santos porque somos peregrinos a caminho da Canaã Celestial - “...Andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação”(1Pd.1:17). Os
que não conhecem a Bíblia pensam que para ser santo é preciso estar morando no
Céu. Pensam que é lá que vivem os santos. Porém, pela Palavra de Deus sabemos
que Deus exigiu que Israel fosse santo durante a peregrinação através do
deserto. Foi lá no Monte Sinai que Deus disse: “...Santos sereis, porque eu, o Senhor,
vosso Deus, sou santo”(Lv.19:2). Naquele deserto, Israel teria que andar com
Deus. Porém, o Profeta Amós, pergunta: “Andarão dois juntos, se não estiverem
de acordo?”(Amós 3:3). Deus é Santo. Só existe uma maneira de poder andar com
Ele: sendo Santo.
f) Devemos
ser santos porque queremos morar no Céu - “Senhor, quem habitarás no teu
tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?” (Salmo 15:1). O Senhor Deus diz:
“Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que
anda num caminho reto, esse me servirá”(Salmo 101:6). Somente os santos é que
podem ser fiéis. Só os santos morarão no Céu.
g) Devemos
ser santos porque é uma exigência de Deus. Essa exigência é mais do que
natural porque Deus é Santo. Diz o apóstolo Pedro: "mas, como é santo
aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver,
porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo" (lPd.1:15,16).
Portanto, da mesma maneira como Deus escolheu e santificou o povo de Israel
para viver em santidade, assim também o Senhor Jesus nos chamou para vivermos
uma vida santa. Israel precisava viver longe das práticas imorais dos cananeus;
nós, da mesma forma, devemos ter cuidado para não nos conformarmos com este
mundo (Rm.12:2).
Diante do exposto, percebe-se que ser
santo é uma exigência de Deus para aqueles que querem servi-lo e segui-lo.
Todavia, em que pese o Senhor ter dito “santo sereis” (Lv.19:2), a Palavra de
Deus nos ensina que Ele respeita a vontade do homem e não viola sua liberdade,
ou seu livre arbítrio. Obedecer ou não obedecer é uma decisão do homem. Ninguém
será santo à força. Foi assim com Israel, e é assim com a Igreja.
III. A POSSIBILIDADE DE TERMOS UMA VIDA
SANTA
No Novo
Testamento, os cristãos salvos em Jesus, são reconhecidos como santos (cf.
At.9:13,32,41), e é dessa maneira que o apóstolo Paulo se dirige aos crentes
nas suas epístolas (cf. Rm.1:7). A base dessa santificação é o sacrifício
vicário de Jesus (Hb.10:10,14), mas ela é obra do Deus trino e uno por ocasião
da conversão do pecador a Cristo (João 17:17; 1Co.6:11; 1Pd.1:2).
De acordo
com a Bíblia, a santificação do crente é tríplice: Posicional, Progressiva e
Futura.
1. A
santificação posicional. A
partir do momento que cremos em Jesus, passamos a ser justificados e mudamos de
posição diante de Deus, que não nos vê como éramos, mas que, agora, por causa
de Cristo, nos vê como pessoas justas. Ao mudarmos de posição diante de Deus,
alcançamos o que os estudiosos da Bíblia denominam de “santificação
posicional”. A partir do instante em que aceitamos a Cristo como nosso Senhor e
Salvador, nossos pecados são perdoados, somos justificados e, por isso,
passamos a ser “santos de Deus”. Por isso, todo pecador arrependido e remido
pelo Senhor Jesus é um “santo”, não tendo, pois, cabimento, procedimentos como
os de “canonização” ou “beatificação”, como vemos em alguns segmentos
religiosos.
Portanto, o
ser humano torna-se santo ao nascer de novo, ou seja, no exato momento em que
ocorre a Regeneração; nesse momento, acontece uma mudança no ser humano - de
pecador perdido para santificado em Cristo (At.26:18; 1Co.1:2). É a
santificação posicional, ou instantânea, conforme Paulo disse ao carcereiro de
Filipo quando este perguntou: “...que é necessário que eu faça para me
salvar?”. A resposta foi simples e direta: “...crê no Senhor Jesus, e serás
salvo...” (Atos 16:30,31). Paulo acrescenta que “...as coisas velhas já
passaram: eis que tudo se fez novo” (2Co.5:17).
Ao crer em
Jesus, segundo afirmou João, o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o
pecado (1João 1:7). Nesse exato momento, o seu corpo, inteiramente purificado,
torna-se o Templo do Espírito Santo, que passa a habitar nele. Se este homem
for chamado à eternidade, está salvo, e irá para o Paraíso. Foi exatamente o
que aconteceu com o ladrão na cruz; ele creu, e o Senhor Jesus lhe disse:
“...em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc.23:43). É como a
pessoa que toma um belo banho, à noite; deita-se, e dorme; limpa e perfumada,
dorme; porém, não acorda; morre durante o sono, mas morre limpa.
Na
santificação posicional, o crente que nasceu de novo recusa-se a permitir que
os seus membros pequem, portanto, a santificação deve ser contínua. Ele deve
deliberadamente seguir “...a santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor" (Hb.12:14). Não basta ser santo aos domingos, ou na semana da
Santa Ceia. A Palavra de Deus diz: “Em todo tempo sejam alvos os teus
vestidos...” (Ec.9:8).
2. A
santificação real. É conhecida como a
santificação presente. Ela é progressiva. Diz o apóstolo Paulo: “Ora, amados,
pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundice da carne e do
espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (2Co.7:1). Em outras
palavras foi o que Paulo disse aos tessalonicenses: “...assim andai, para que
continueis a progredir cada vez mais” (1Ts.4:1). Como sabemos, o novo
convertido é um recém-nascido, espiritualmente. A criança não desenvolve por si
só os hábitos de higiene. Ela precisa ser ensinada a cultivar esses hábitos até
que se conscientize da importância e necessidade deles. No plano espiritual,
com muito mais razão, o ensino é fundamental porque todos os hábitos
anteriormente adquiridos, enquanto no mundo, são contrários à Santificação. É
preciso, primeiro, despojar-se do velho homem, como ensinou Paulo: “Que, quanto
ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas
concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos
revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e
santidade” (Ef.4:22-24).
Por falta
de ensino da Palavra de Deus e por falta de uma vida de oração, muitos crentes
continuam “meninos na fé”. A Santificação que deveria ser progressiva,
continuou, contudo, prejudicada, ou estagnada. A Igreja onde a Palavra de Deus
não é ensinada, é Igreja onde não há Santificação Progressiva. Em consequência,
seus membros não conseguem se livrar dos velhos hábitos e costumes aprendidos
no mundo.
Não basta
ser santo; não basta ser santo cada dia; é preciso ser mais santo, cada dia.
Enquanto vivemos neste mundo, o nosso corpo mortal não foi redimido,
transformado e glorificado e, por isso, precisamos dia após dia estar diante de
Jesus, buscando-o e consagrando a nossa vida para o Espírito Santo sobrepujar a
natureza má da nossa "carne". A Palavra de Deus nos mostra que fomos
chamados para sermos santos em toda a esfera da vida (cf. 1Pd.1:15,16).
Portanto, a Santificação precisa ser progressiva – “Mas todos nós, com cara
descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos
transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do
Senhor" (2Co.3:18).
3. A
santificação futura. "E o
mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e
corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo" (1Ts.5:23). Trata-se da santificação completa e final (1João 3:2).
O Senhor Jesus que é santo, virá
buscar os que são consagrados a Ele (1Ts.3:13; 5:23; 2Ts.1:10; Hb.12:14). Por
isso, a vontade de Deus para a vida do crente é que ele seja santo, separado do
pecado (1Ts.4:3). Mas observe, a Bíblia exige a separação do pecado, não dos
pecadores. Esta prática, que se disseminou entre os cristãos por volta do
terceiro ou quarto século, no entanto, tem um grande equívoco. Com relação a
isto, aliás, o próprio Jesus foi enfático em Sua oração sacerdotal, ao dizer
que não pedia ao Pai que tirasse os salvos do mundo, mas tão somente que os
livrasse do mal (João 17:15). Ele próprio deu o exemplo, em todo o Seu ministério,
jamais se isolou dos pecadores, tanto que isto foi um dos pontos principais da
censura dos fariseus ao Senhor (Mt.9:10,11), censura que foi repelida por
Cristo (Mt.9:12,13).
Além de nos
fazer instrumentos para a glorificação do Senhor, a separação para Deus
permite-nos conservar separados do pecado, aguardando o instante final de nossa
salvação, que é a glorificação, daí porque o apóstolo Paulo ter dito que esta
conservação é para a vinda do Senhor, pois, a partir de então, seremos
transformados e, glorificados, ficaremos para sempre livres do “corpo do
pecado”.
A
Santificação é um dos fatores que nos mantêm preparados e vigilantes para a
volta de Cristo (Hb.12:14; 1Ts.5:23; Ap.19:7,8). É neste sentido que a
santificação se equipara à “consagração”, termo muito utilizado pelos crentes
pentecostais. A consagração é, como se verifica, pelo próprio significado da
palavra, a destinação exclusiva para o uso da divindade ou para fins de culto,
ou seja, a consagração significa a entrega total ao Senhor. A consagração faz
com que o bem ou pessoa não mais pertença a quem quer que seja, mas, sim, a
Deus.
Nenhum
crente será totalmente santificado para Deus até que nossa posição e prática
estejam em perfeita harmonia, e isso só ocorrerá quando formos glorificados,
por ocasião da vinda de Cristo, e nos tornarmos semelhantes a Ele (1João
3:1-3). Esta é a nossa santificação futura ou definitiva, que aguarda nossa
completa glorificação em corpos ressurretos (Ef.5:26-27; Jd.24,25), quando o
Senhor Jesus "transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu
corpo glorioso" (Fp.3:21). Essa é a nossa mais sublime esperança.
CONCLUSÃO
É a
esperança de ver Jesus em sua vinda de glória que faz com que os crentes
busquem a santificação. Paulo afirma que há uma coroa ou recompensa para os
justos, que será dada por ocasião da volta do Senhor Jesus a todos aqueles que
amarem a sua vinda (2Tm.4:8).
“Amados,
agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas
sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim
como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si
mesmo, como também ele é puro” (1João 3:2,3).
“E agora, filhinhos, permanecei nele,
para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos
confundidos por ele na sua vinda” (1João 2:28).
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